Este ano os quadros de fotografias continuam em peso na mostra e vou contar sobre a presença deles nos espaços.
A CASACOR SP inaugurou semana passada em local inédito e icônico: Conjunto Nacional. O complexo foi uma das primeiras grandes obras multifuncionais a serem construídas em São Paulo.
Inaugurado em 1956 com arquitetura modernista projetada pelo Daniel Libeskind, tem a laje completa do mezanino disponível para a mostra, com mais de 10.000m².
Tema
O tema deste ano é “Infinito Particular”.
Partindo de uma grande pesquisa de tendências atuais para o morar, coordenada pelos curadores da CASACOR, o conceito se baseia nas grandes transformações da pandemia em que nossa casa se converteu em um refúgio híbrido, que vai além dos estilos em voga.
A casa nunca precisou ser tão plural e aconchegante. Refletir a essência do morador e contar sua história com memórias espalhadas através de livros, quadros e objetos de recordação cria a atmosfera da casa biográfica.
Adorei o tema, pois já escrevi alguns textos no blog sobre como é importante que a identidade seja traduzida no projeto da casa, e a memória traz o acolhimento nos espaços. E também se quiser ver a minha cobertura da CASACOR 21, clique aqui.
O tema expõe que mais importante do que seguir a moda é criar um ambiente que transcende tendências, e fica alinhado com o estilo do morador.
Cobertura de quadros decorativos de fotografias
Claro que fiquei muito feliz com o tema pois nosso trabalho consiste em trazer essa memória e aconchego nos espaços através de fotografias sob medida.
Vou mostrar pra vocês uma cobertura mais focada em quadros decorativos e como foram utilizados este ano.
Ripas em metacrilato da série “Floating” de Fernanda Naman no ambiente de Brunete Fraccaroli. As formas orgânicas estão presentes em todos os ambientes desde as bolhas dos quadros, iluminação redonda, estampa dos tapetes, e todos os móveis.
Destaque para a obra de Fernando Velázquez, no ambiente de Gustavo Martins. Metacrilato da série “Rituais da Complexidade” parece quase uma cabeceira que acompanha a horizontalidade da cama. Muitas máscaras africanas são repetidas em pequenos quadrados.
Restaurante Tropical, projetado por Gustavo Paschoalim, é uma exuberância de natureza desde as plantas e pedras naturais, até os quadros de vegetação. O ambiente traz o verde pra dentro do edifício, gerando um espaço muito agradável para almoçar.
No ambiente de Elaine Vilela, fotografias de Melo Bastos criam uma atmosfera calma para facilitar o relaxamento. Uma ilha de conforto para recarregar as energias.
Como sempre o preto e branco marcando presença. Diversas fotografias em PB, mas selecionei as três favoritas da mostra: cidade, arte e arquitetura.
A foto PB traz mais sobriedade e sofisticação: uma escolha atemporal.
Contorno de rostos e corpos marcantes com texturas de água e areia. As fotografias de pessoas com silhuetas são modernas e trazem vida de uma forma bastante artística.
Homenagem ao edifício
Fotografias realizadas da laje vazia antes da montagem da mostra estão distribuídas pelas circulações. Fotos em preto e branco que valorizam a arquitetura magnifica do edifício: pilares redondos, laje aparente com nervuras, pé direito alto, e os famosos brises nas janelas.
O escritório FGMF projetou a implantação da mostra de forma que a o estado atual da estrutura se mantém bastante visível ao longo do percurso. Muitos ambientes tomaram partido de manter a estrutura aparente e brindar a importância do edifício.
Galeria Pirajuí
Sensação de estar imerso em uma piscina, a refrescante galeria traz um poderoso conjunto de obras com destaque para fotos de Claudia Andujar, Lita Cerqueira e Valdir Cruz. Ambiente assinado por Carlos Navero Arquitetura.
Meu ambiente predileto
Adorei diversos ambientes, e transitar por eles foi uma experiência sensorial, em que alguns me senti muito bem e outros repelida.
A Casa Coral de Marcelo Salum acredito ter sido o ambiente que mais expressou o tema proposto. Ele vai contra as tendências de design, é clássico, mas com toque moderno, divertido e colorido. O ambiente é realmente uma casa biográfica.
E a característica mais importante: transpira em todos os cantos a história de Attilio Baschera e Gregorio Kramer. O casal que inspirou o ambiente, foram importantes designers de estampas nos anos 70. Todos os livros utilizados, fotos e alguns objetos são acervo do casal.
São tantos detalhes que tive a vontade de me prolongar no ambiente e fui lentamente absorvendo cada lembrança. Realmente um ambiente inspirador e mesmo que bastante carregado de informações é muito agradável de se estar.
Além da fotografia
A oficina Francisco Brennand foi uma ótima surpresa. Ambiente projetado pelo Metro Arquitetos com projeto minimalista, deixando o protagonismo para as cerâmicas e destaque para o edifício, não considerando nenhum acabamento sobre o existente.
Bastidores
Tive o privilégio de conhecer a mostra antes da inauguração pois fui trabalhar como assistente do grande fotógrafo de arquitetura Denilson Machado, do MCA Estúdio.
Pretendo voltar mais uma vez para curtir melhor os espaços e tomar uns belos drinks no bar Caracol, ambiente que está muito incrível assinado pelo arquiteto Pedro Luiz de Marqui.
E você, já visitou a Casa Cor? O que achou? Deixe seu comentário! Super recomendo a visita!